Bobbie, o cão viajante: a história real do cachorro que cruzou os EUA para voltar para casa
Histórias de cães fiéis sempre mexem com o coração de quem ama os animais. Mas a saga de Bobbie, o cão viajante, ultrapassa qualquer expectativa. Em 1923, esse cachorro de raça indefinida percorreu uma jornada de mais de 4 mil quilômetros, cruzando desertos, rios e montanhas para reencontrar sua família — uma história real que inspirou livros, filmes e homenagens até hoje.
O começo da jornada
Bobbie vivia com a família Braizer na cidade de Silverton, no estado do Oregon (EUA). Durante o verão de 1923, os Braizer decidiram fazer uma viagem de carro até Indiana, atravessando vários estados. Bobbie, como um verdadeiro companheiro, foi junto. No entanto, em uma parada na cidade de Wolcott, Indiana, Bobbie foi atacado por outros cães e fugiu, assustado.
A família procurou desesperadamente, colando cartazes e perguntando por toda a região, mas sem sucesso. De coração partido, os Braizer acabaram voltando para casa, acreditando que jamais veriam seu fiel amigo novamente.
A volta impossível
Seis meses depois, em fevereiro de 1924, Bobbie reapareceu — magro, sujo, com as patas desgastadas — na porta da casa da família, em Silverton. Ninguém acreditava no que estava vendo. O cão havia retornado sozinho, cruzando cerca de 4.105 quilômetros pelos Estados Unidos, passando por florestas, montanhas geladas, desertos e estradas perigosas.
Durante a jornada, Bobbie teria sido ajudado por pessoas de bom coração, dormindo em fazendas, recebendo comida de estranhos e enfrentando intempéries climáticas severas. Muitos desses relatos foram confirmados depois, pois diversas pessoas que o encontraram reconheceram o cão pelas marcas e escreveram para a família após a história ganhar notoriedade.
Jornal ilustra o trajeto do cãozinho. Foto: Sunday Oregonian
Reconhecimento nacional
A história de Bobbie se espalhou rapidamente pelos jornais da época. Ele se tornou uma celebridade nacional. O Oregon Humane Society fez uma investigação para verificar a autenticidade da jornada, entrevistando testemunhas em vários estados, e confirmou o trajeto do cão.
Bobbie ganhou o apelido de “The Wonder Dog” (“O cão maravilhoso”) e foi homenageado com uma medalha, uma coleira especial e até um desfile em sua cidade natal. Mais de 40 mil pessoas participaram do evento.
Mural em Silverton preserva a memória de Bobbie. Foto: Norm English | Silverton Mural Society
Legado eterno
Bobbie viveu até 1927 e foi enterrado no cemitério de animais da Oregon Humane Society, em Portland. No local, uma estátua de bronze foi erguida em sua homenagem, e flores são colocadas todos os anos por crianças da região em um tributo contínuo à sua fidelidade.
Sua história inspirou o filme The Call of the West (1925) e mais tarde foi contada no livro “Bobbie, A Great Collie“, de Charles Alexander.
Conclusão
A história de Bobbie, o cão viajante, nos lembra que o amor e a lealdade de um cão não conhecem limites. Sua jornada de volta para casa é uma prova real da conexão profunda que existe entre os cães e seus tutores. Em tempos em que tanto se fala sobre fidelidade, Bobbie segue sendo um exemplo eterno de coragem, persistência e amor incondicional.
Histórias como essa inspiram tutores e amantes dos cães a valorizarem ainda mais esses companheiros incríveis que fazem parte da nossa vida — e, muitas vezes, nos ensinam o verdadeiro significado de lar.