A emocionante história de Hachikō, o cão símbolo de lealdade no Japão
Hachikō é mais do que apenas um nome: ele representa um dos maiores exemplos de lealdade canina que o mundo já conheceu. Nascido em 1923 na cidade de Ōdate, na província de Akita, no Japão, Hachikō era um cão da raça Akita Inu. Seu destino cruzaria com o do professor Hidesaburō Ueno, da Universidade de Tóquio, e juntos escreveriam uma história que marcaria gerações.
O professor Ueno adotou Hachikō ainda filhote e, com o passar do tempo, o laço entre eles se tornou inseparável. Hachikō acompanhava o dono até a estação de Shibuya todas as manhãs e voltava à tarde para esperá-lo retornar do trabalho. A cena era tão comum que os funcionários e comerciantes da estação já reconheciam o cãozinho e até interagiam com ele.
Infelizmente, em 21 de maio de 1925, o professor Ueno faleceu repentinamente durante uma palestra e nunca mais voltou para casa. Mesmo assim, Hachikō continuou indo à estação todos os dias, no mesmo horário, esperando pela volta de seu amado tutor. Esse ritual comovente se repetiu por quase 10 anos, até a morte do cão em 8 de março de 1935.
Estátua na Estação Shibuya. Foto de Darel Low na Unsplash.
A fidelidade de Hachikō não passou despercebida. Pessoas que frequentavam a estação passaram a alimentar e cuidar do cão. Sua história chegou aos jornais e ganhou notoriedade nacional, transformando Hachikō em um símbolo de lealdade no Japão. Em 1934, ainda em vida, foi erguida uma estátua de bronze em sua homenagem na estação de Shibuya, com a presença do próprio Hachikō na inauguração.
Após sua morte, Hachikō foi empalhado e está exposto no Museu Nacional de Ciência, em Tóquio. Sua estátua se tornou um dos pontos turísticos mais visitados da cidade, um local onde casais marcam encontros e turistas rendem homenagens à sua devoção. O local é tão simbólico que, em 2015, uma nova estátua foi erguida no campus da Universidade de Tóquio, representando Hachikō reencontrando seu tutor — uma homenagem comovente à amizade entre os dois.
Mas o legado de Hachikō não parou por aí. Sua história inspirou diversos livros, reportagens e filmes. O mais conhecido é “Sempre ao Seu Lado” (2009), estrelado por Richard Gere, que adapta a história para o cenário americano. No Japão, um filme original foi produzido ainda em 1987, intitulado “Hachikō Monogatari”. Ambos emocionaram audiências no mundo inteiro.
Hachikō foi empalhado e está exposto no Museu Nacional de Ciência. Foto: secretagentmoof CC by 2.0
Curiosamente, Hachikō também tem ligações com a cultura acadêmica. Após a morte de Ueno, Hachikō foi cuidado por antigos alunos do professor, e com o tempo acabou se tornando uma espécie de mascote não oficial da Universidade de Tóquio.
Hoje, a história de Hachikō é ensinada nas escolas japonesas como exemplo de lealdade e amor incondicional. No dia 8 de abril, é realizada uma cerimônia anual na estação de Shibuya para lembrar seu legado, com flores, discursos e homenagens.
Hachikō não foi apenas um cachorro fiel. Ele se tornou um símbolo da relação profunda entre humanos e animais de estimação. Sua história atravessou o tempo e permanece viva nos corações de todos que acreditam que o amor verdadeiro não conhece limites — nem mesmo a morte.
Sempre ao Seu Lado” (2009), disponível completo e dublado no Youtube.